Conto - Só Virtual

Se fosse para corrigir todos os erros de pessoas que se dizem amigas eu escreveria textos cada vez mais longos. Não é que amigos não possam errar um com o outro, até podem, mas quando se trata de erros que vocês já conversaram, que já aconteceram em outras amizades, espera-se que a pessoa aprenda ou ao menos entenda o implícito “Por favor, não faz isso também!”.

Uma pessoa, antes muito amiga minha e merecedora de textos, contos e canções, não entendeu essa frase oculta. Passou por mim tantas vezes e nem um balançar de cabeça me deu. Na verdade, às vezes nem precisamos de palavras para demonstrar carinho, um simples olhar, um sorriso leve ou uma mexida no cabelo já basta. Mas não foi assim, não consegui nada disso.

Infelizmente, ou felizmente, sei lá, vivemos na era digital, onde tudo é virtual. Expomos nossa vida na internet, gritamos os quatro cantos do mundo que estamos em um relacionamento, gastamos anos de nossas curtas vidas vivendo em redes sociais... Vai dizer que uma “curtida” no Facebook demonstra mais carinho que um abraço?! É certo que pelas redes sociais contruímos amizades verdadeiras, algumas até bem sólidas, mas nem todos agem assim pessoalmente.

É esse caso que conto: o de uma pessoa que conheci virtualmente, nos abraçamos pessoalmente, conversamos pessoalmente, conheci verdadeiramente e que hoje é só mais uma estranha no meio de milhares de amigos virtuais. Ironia ou não, eu sou fã da internet, acho uma das melhores invenções do homem, apesar de estar diminuindo nossa capacidade de memorização e todos os outros blablablás defendidos pela minha ciência.

Se é para agradecer de alguma forma, agradeço pelas noites mal dormidas mas bem vividas, as conversas ao telefone, as horas nas redes sociais, as inspirações que me deu, as conversas na calçada e os textos que me fez escrever. Podem até me chamar de besta por escrever tudo isso por causa de uma “amiga”, mas como eu disse antes, ela sempre foi merecedora de textos, contos e canções, e se fosse para corrigir todos os erros dela, esse texto não estaria acabando agora.

Heytor Neco

P.S.: