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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Do ar, do céu e do mar

Aí vai uma poesia pela qual tenho muito apreço. Foi publicada na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos Volume 80, também pela CBJE. Boa leitura!
 



Do ar, do céu e do mar

Já fazia dois dias que não parava de ventar
E a pequena garotinha sempre vinha perguntar
Sobre tudo o que existia, da pobreza à realeza,
Quis saber qual era o ar que inventava a natureza

Sem querer desiludir, comecei a explicar
Que o ar que inventava vinha direto do mar,
Das correntes do oceano, o ar pulava para o céu,
Como a tinta pula sempre da caneta ao papel

Criativa, a menina, foi tratando de inventar,
Disse que todas estrelas eram respingos do mar
E que o ar que lá corria não vinha apenas das correntes
Mas vinha do soprar dos peixes, alguns peixes conscientes

Eu olhei para a menina e comecei logo a pensar
Quando, em outro dia na Terra, sua face eu iria olhar.
Sorri para a jovenzinha que ainda olhava o céu
E entreguei em suas mãos minha caneta e meu papel

Passaram milhares de anos e eu nunca encontrei
A pequena menininha que um dia presenteei.
Até passar numa livraria e ver na estante de vime
A foto da menininha, lá num livro de poesias, estampando a vitrine.


Heytor Costa Neco

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