Fazia um bom tempo que eu não sentia as coisas que estavam a me atormentar naquele dia de carnaval.
Sabe como é: quando o passado volta ele só quer mudar o seu presente. E mudar o presente nem sempre é mudar para melhor: às vezes, o passado volta para destruir o futuro.
Era carnaval. Por mais que aquela festa me atraísse eu jamais tive a capacidade de trair.
Mulheres lindas, voluptuosas. Ainda assim sempre preferi a fidelidade, estar com minha mulher linda, não tão voluptuosa, mas estar com ela.
Foi no momento que eu senti o tormento que o infinito de mim mesmo veio me perguntar.
“Que queres com teu passado?”.
Pensei dois meses e nada pude falar, porque o passado, dois meses após o carnaval, estava vindo me resgatar.
E o infinito de mim mesmo não se calou.
“Pensa no teu futuro!”.
E pensei por tantas horas, mas ainda assim não me decidi.
E o infinito de mim mesmo não parou.
“Que queres do teu futuro?”.
Eu sabia do meu futuro, sabia dos meus filhos, sabia da minha carreira, mas não sabia o que querer.
O infinito de mim mesmo se calou.
O infinito de mim mesmo se fundiu em mim.
Eu sou o infinito de mim mesmo.
Falei a mim:
“O que quero para mim?”.
E por mais ideias que surgissem nada parecia funcionar.
Não foi o futuro, o presente ou o infinito de mim mesmo que me perguntaram o que esperar.
Foi o passado.
O passado perguntou.
O passado respondeu.
O infinito pensou
Mas fui eu quem respondeu.
Se o passado quer mudar,
O passado que se mude (cale e mude),
Eu vou ficar com meu futuro,
Que em momentos tão difíceis,
Quando mais quis o passado,
E estava sem presente,
Jogou-me uma bóia
E tirou-me daquele profundo açude.
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